terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Dom

Se o mundo fosse uma tela em branco e eu tivesse o dom de pintar... a tela da tua vida teria todas as cores vivas e alegres do mundo. 

Eu pintaria teus dias ensolarados, floridos e distantes de qualquer preocupação. Me colocaria na tua paisagem vez aqui e outra ali. Até sentir que a nossa imagem juntos, ali, estática, de mãos dadas, fosse algo que te causa alegria, paz e tranquilidade. 

 Eu bordaria estrelas em todas as tuas noites. E as notas musicais circundariam tuas tardes , até tocar teu coração com meu som. Mas à mim, Deus só concedeu o dom de sonhar. Realizo, às vezes. 

Às vezes morro e renasço, outras, apenas sobrevivo. Mas, em todos os meus sonhos, mesmo que não haja nossa imagem estática de mãos dadas, eu invoco que tenha brilho nos teus dias, paz nas tuas tardes e estrelas nas tuas noites. 
 E mesmo que de longe, sonhando, vou pintando tuas telas bem coloridas. Com todas as cores que eu sempre tive para você.

 À mim, Deus poderia ter concedido o dom de te fazer sonhar! 

 Débora Andrade

Menos Promessas


Me fiz as mesmas promessas. E as lágrimas que eu disse que não mais cairiam, caem agora. E parecem ter vontade própria.

Descem e parecem que vão alagar este quarto, que já nem é meu.

Que dor grande! Parece até ser a primeira vez. Mas, talvez seja mesmo. Porque dói diferente. Como se um doce fosse retirado da minha mão.

 Eu ouço: - Você está triste? E nem consigo responder, porque eu sempre me calei nas horas mais dolorosas. Eu escrevo para vomitar a dor.

Parece que estou enterrando meus girassóis. Eu sei que vai passar. Sempre passa. Talvez, não. Mas a gente luta e finge tanto acreditar que passa, que, talvez, até passe.

Me fiz promessas... E poderia ser diferente. Eu gostaria que fosse diferente... Eu faria diferente... Mas este sonho, não se sonha só. Lágrimas persistentes. Vão cair até lavar minha alma. Até levar minha alma. Até renascer.

Porque, mais uma vez, eu morri. E quero a força de renascer amanhã. Menos promessas, da próxima vez. Eu me prometo!

 Débora Andrade

Bem Menos é Mais


Não preciso que me traga a luz do Sol e nem que me dê o perfume de todas as flores.
Também não me traga todo o azul do céu e o brilho das estrelas.
Não quero tanto. Não preciso de tanto. 
Bem menos que isto, vindo de você com carinho, é mais.
Combinamos de passear ao entardecer e você apenas me diz que me daria o céu, a luz do Sol, as estrelas e o perfume das flores.
Eu vou segurar suas mãos e terei um sorriso bem sincero nos lábios...
Porque, só o teu desejo em me presnetear com o mundo, torna palpável o céu e te torna para mim, mais bonito e importante que qualquer jardim ou que o universo estrelar.
 Me queira bem. Assim, apalpo o bem em minhas mãos.
 Bem menos, é mais.

 Débora Andrade

O Amor É Simples


“O amor é mais simples, Débora”. Fiquei pensando nesta frase...
Que eu complico muito, que sou carente, egoísta, vaidosa, impulsiva e quase louca, nunca escondi de ninguém, nem de mim mesma.
Trabalho as inseguranças, os anseios, os desejos e fantasias só para não me afogar neste mar de ilusão que eu mesma crio...
E como sou boa nisso! Tenho me entendido mais... e só eu sei o quanto me dói assumir todos estes adjetivos acima. Mas, é o primeiro passo para buscar ser melhor.
 “ O amor é mais simples, Débora”... e a frase soa o tempo todo na minha mente...
 E se há amor, não há espaço e nem tempo para destrinchar todos os defeitos... Eles sucumbem em meio a enxurrada de carinho, atenção...
Morrem, diante do querer bem incondicional e dos planos e sonhos a dois.
Vamos amar! Porqueo amor... é mesmo simples!


 Débora Andrade

Festa Em Prosa

Guardo nas mãos, um tanto abertas, as claves de sol.

Com um sopro leve, ganho vida, ganho sonhos e termino em dó.

Sem claves de fá, deixo os gritos do meu peito guardar espaços para notas altas.

Berros sustenidos, entre sussurros e bemóis, brilham meus olhos fartos de vida, rasos d’água.

É festa! É sonho! É estrada! É dó! É mi, lá e é sol! Sol que abre em todas as minhas manhãs, agraciando-me com a graça de contemplar a luz.

É mais um ano. É mais um tanto. E é mais, é humano.

Sonhos, cifras e refrões. É vida além da minha, é o sorriso gritando os meus cantos.

Mais um ano. Mais uma chance. E eu, mais humana. Ainda sonho...

 E faço festa em prosa, enfeitando meus sonhos com notas musicais...

 Débora Andrade


Nem Prosa, Nem Verso

Nem prosa, nem verso... Sem crônicas. Sem prosa poética.
É só um desabafo do que há de pior em mim... Portanto, nada tem a ver com você, que está entre o que tenho de melhor...
Por temer te fazer algum mal, me afasto e me escondo...
Até que eu me reencontre e refaça versos e prosas com minhas palavras mais doces...
Por enquanto, aqui dentro, o que tenho de doce, é você.
Eu gostaria de ser teu céu quando quisesse voar. E seria teu chão, quando quisesse pousar.
Por enquanto, nem céu, nem chão. Sou só este desabafo e, por isso, me retiro.
Aqui vou preparando a adaptação aos "nós".
E por ter de ti tanta doçura Por nascer em mim um sorriso todas as vezes que penso no teu abraço,
Me preparo para ser melhor. Para ser tua.
Só para me entregar a ti... de bandeja.

Débora Andrade

Ciclos

Abro os braços e aperto o novo que vem com pressa.
Ao que se fecha, solto pela mão, bem devagar, agradecendo por toda emoção, gota a gota, vivida.
Entre lágrimas e sorrisos, o equilíbrio e as marcas no rosto que o tempo traz.
Mas, hoje, os ventos me sopram paz. Muito mais... Talvez eu sinta saudade das angústias.
Inspiravam-me poemas tristes e bem lidos. Do que se vai, se vai ao tempo que se deve.
E eu continuo a dever um futuro colorido. Vou colhendo as cores neste jardim de setembro.
Semeando amores, cultivando raízes. Vou pintando em meu rosto, pouco a pouco, as marcas que o tempo faz entre amores e dores. E com uma pitada de Sol, brilho um sorriso de quem é feliz por viver.
Mais um setembro. Mais uma primavera. E outro ciclo se faz.
Procedo... com fé, de pé e entre as flores.

 Débora Andrade

Autoconhecimento

Perdi meus versos e rimas. Passei a escrever em prosa, como quem deseja uma completude da compreensão alheia. Mostro-me um pouco em cada letra.
 Me deu vontade de querer ser entendida. Uma missão, até então, pouco plausível para mim mesma. Não consigo sozinha. Escrevo, escrevo e me leio. E, às vezes, não me reconheço sem rimas e versos.
Talvez, pela mania de querer enfeitar a tudo.
Tenho adotado a simplicidade das frases corridas. E, de desabafo em desabafo, descubro-me e arco com minhas consequências, nem sempre leves.
Me vejo em você. E quando isto acontece, vislumbro o que há de melhor em mim. Atrelei a maior parte das minhas flores ao teu nome.
Acredito que o exercício de te desvendar, seja o mesmo caminho para minha descoberta. É verdade a nossa unidade. Nos misturamos.
E as diferenças fundiram-se como em uma experiência química, originando uma nova substância: o equilíbrio, tão novo em mim, sempre tão cheia de extremos.
Assim, bem simples, vou sabendo mais de mim. Deixando escapar um rima ali, outra aqui.
Derrapando alguns versos...
Mas, disposta às frases objetivas e diretas. E, enquanto estivermos lado a lado, será mais fácil, nem sempre menos doloroso, o exercício de saber quem sou.

 Débora Andrade

Imprevistos

Não contava com os imprevistos. Menos ainda com este... o de te amar sem saber o que há em ti por mim. Perdi a calma, junto com a frieza de nada sentir.

E hoje, meu coração tão cheio de palavras doces, respira em pausas e compassos de dor maior.
Não contava com o imprevisto de sentir tanta falta de ti.

Nem com a cilada que a vida me preparava em solos fortes. Cuidei das flores para que tivessem raízes. E meu nome, junto ao teu, entrelaçava uma forma de infinito.

E eu acreditei... Talvez, ainda acredite. Mas, eu não contava com os imprevistos...

Menos ainda o de não ser correspondida...

 Em cada passo, com pressa, te levo em sonhos, em planos...

E conto com o imprevisto de, quem sabe um dia, estas raízes serem mais fortes que o próprio solo que as nutrem.

 Débora Andrade

Ele

Um instante de confusão, de difícil aceitação da distância e um nó na garganta que me dava vontade de explodir todos os sonhos.
Sentia, talvez, que toda aquela angústia fosse embora com os litros de lágrimas derramadas junto a dor da saudade e dos sonhos pelos ares.
 Mas... Vem ele. É ele, mesmo. Só pode ser! E como consegue, mesmo a tantos quilômetros de distância, acalmar minhas aflições como quem passa a mão pelo meu coração com leveza e suavidade só para levar qualquer tristeza?
E como suas palavras e metáforas, tão simples, conseguem me fazer entender qualquer razão? E toda aflição se vai.
A saudade, claro, permanece. E eu conto as horas para poder ver, abraçar, beijar e, principalmente agradecer por ser parte de mim.
Por me tornar um ser humano melhor... Doce. Não poderia ser outro.

 Débora Andrade

A Saudade

A chuva acordou meu dia com frio. E caía bem mansa, deixando o céu branco, meio cinzento... Um tanto triste, um tanto igual...

Parecia que o céu chorava por mim toda a saudade que sinto de ti. Fechei meus olhos com ternura e tua imagem estava lá, como se estivesse a mil anos pintada à mão. Como se você sempre tivesse existido em minhas retinas...

 Senti frio e procurei pelo teu abraço. Ainda não encontrei nenhum lugar que tenha esta temperatura. Tão ideal ao meu gosto. Tão ideal ao meu corpo. Suporto ao tempo, à distância e resisto à saudade... Porque sei que no mesmo compasso, teu coração dança junto ao meu. Nem a chuva, nem o frio... Nem o tempo, nem a distância... Nada, na verdade, pode ser maior que nossa vontade de nos fazermos felizes.

Espero-te, amor. E sei que me espera, também. E a saudade vai preenchendo os espaços... mas só até eu poder acordar nos teus braços... E depois a gente deixa folgar os nossos laços... só para caber um tanto mais de nós... E por hoje... muita saudade.

 Débora Andrade

Sem Ar

Talvez a dor fosse menor se tivessem me tirado um pedaço, ou até dois, quem sabe mais. Voltei com passos tristes, cabeça tão baixa que pude contar todas as pedras. E se todas elas te convencessem, eu traria uma a uma, nas costas... e te daria um castelo. Mas temo por ser em vão. Parece que nada mais te toca. Porque permitiu que o veneno da interpretação alastrasse pelo seu coração. Me traí. Fiz um cordão de palavras simples e dei o nó. Antes tivesse me enforcado até não restar vida, nem dor... Mas, apenas sufocou... Permaneço viva, mas sem o ar. Queria tuas mãos a desvendar meus versos. Não estes em palavras que doei em folhas e pautas. Mas estes que meus olhos te ofertam... só para você saber que, sim, você é meu ar. Débora Andrade

Bem Quietinha

Hoje vou ficar por aqui, bem quietinha. Tenho falado muito. Tenho dito de mais. E tenho desejado ouvir além do que já ouço. Vou me recolher por aqui. Organizar esta bagunça aqui dentro. E não quero que você saiba que está no meio disso tudo. Não quero correr risco de você não gostar de alguma coisa em mim. Sim. Hoje vou ficar por aqui, bem quietinha. Acolhendo todas as minhas ânsias. Tentando transformá-las em algo de bom. De menos, estradas. Desta transformação eu já ando bem farta. Fique aí, bem quietinho. Se puder se organizar um pouco, pode ser bom. Lembra que te pedi para planejar? Não precisa ser nada sério. Apenas sonhe. É sonhando que a gente realiza. Se puder, me inclua em um ou dois vôos. Tenho experiência vasta em vôos altos. E em tombos também. Eu quero te ver realizando coisas grandiosas. Sim, pode ser comigo. Mas, se não for... só quero que você viva algo grandioso, mesmo. Assim, como você. Só por hoje, fique aí quietinho. Se puder pensar em mim, já me deixa bem feliz. Agora, para me fazer explodir de felicidade, me mande uma mensagem bem simples: - eu penso em você. Esteja certo que aqui, dentro de toda minha bagunça ainda não arrumada, todos os pensamentos bons e bobos, são seus. Amanhã, se o silêncio não nos emudecer para sempre, nos encontramos em um “bom dia” cheio de energia. Mas, se nos faltar voz, nossos olhos nos revelarão o quanto estivemos presentes um no silêncio do outro... Um na bagunça do outro... E, quem sabe, um beijo nos mostre o quanto nós somos um do outro. Bem mais até que imaginamos... Mas, por hoje... Vou ficar aqui. Bem quietinha. Débora Andrade

Um "Não" Vaidoso

Doeu. Dói. E ainda vai doer mais. Mas, que droga. Este mesmo amor “faminto” de outras épocas. Esta vontade de transformar a vida em contos de fadas. Esta estranha mania de acreditar que tenho varinha de condão. Este não, sempre tão às pressas, desejando evitar dores maiores, tombos maiores e mais desilusão. Não vai dar. Ainda não aprendi a ter o domínio desta vaidade suja que insiste em não me deixar. Eu quero muito, quero mais, quero sempre. Quero pichado nos muros, escrito nos vidros dos carros, na internet, na sua testa, na minha... É isso, mesmo! Eu sou egocêntrica, vaidosa, egoísta... Tão diferente desta tua pureza, despreocupação e entrega. Tão contrária aos teus princípios de “viver o hoje”. Não - precoce, talvez. E um não tão triste. Pesado. De sonhos, mais uma vez, findados. Um não... só porque eu não sei, não quero e não gosto de não estar nos primeiros planos, nos planos futuros e em todos os outros planos. Um não... Egoísta. Vaidoso. Doeu. Dói. E ainda vai doer muito mais. Débora Andrade

Entre Rascunhos

Talvez eu tenha mais do que palavras.. Talvez, você me tenha além do que eu possa imaginar, saber ou medir. Talvez eu te queira mais do que te tenho. Ou, talvez, eu só queira a insensatez de tirar o talvez das frases e conjugá-las no presente. Entre minhas incertezas, me calo neste silêncio engasgado diante de tanta objetividade simples, doce e sincera. Volta e meia, me amparo neste passado que me brindou versos dolorosos. E entre a complexidade de ter vivido amor findado, me vem o desejo presente e renovado de amar, sem fim. Este futuro, talvez nosso... Não vejo certezas, nem vivo promessas. Apenas creio e não nego os laços e nem a certeza de que eles podem se transformar. Queria a sorte de um passado com teu nome... ... A chance de estar próxima a ti quando estive próxima de mim mesma. Queria a sorte de viver ao teu lado tudo que nossas letras sonham. Tudo que nossas almas clamam. Tudo que nossos olhos cantam e nossas vozes celebram. Eu só queria a sorte de te desenhar no meu futuro entre flores e as cores do arco-íris. E então, vejos meus rabiscos... Não há nada em branco... E renasço na certeza de que eu preciso de uma nova página. Estou entre rascunhos... Débora Andrade